Pois é
Faço poesia por pura intuição
Como se meu corpo fosse todo coração da cabeça aos pés
E pulsasse a cada palavra escrita
Ante revés de quem não me entende
Bombeando nas veias benditas
Usando como boca minhas próprias mãos
A proferirem vida, morte e ressurreição
Peço que neste mundo turvo
Pintado com verniz o amor corroído
A vida tenha vida após ter sido
Pra não morrer de solidão
A solidão da poça que evapora afastada do mar
Com ares de poesia, essa heresia afiada,
Corta rente toda falácia da voz sem vestígio de nada
Canso-me acelerando a espera do amanhecer
Finjo dormir enquanto sonho
Pra não ter lembranças de um mundo bisonho
Ao despertar na voz que me faz recordar
Que sou o que dorme vigilante
Insubstante como fantasma
Ouço murmúrio de paz
Meus ouvidos captam um horizonte a mais