Caio
Olhos cinzas
desejam-me por telas
e quilômetros.
São lindos.
São fortes.
São cínicos.
E fartos de alguma substância alucinógena
que entrega ao êxtase
quem os fixa
por alguns poucos segundos.
São cinzas. São ilhas.
Duas médias ilhas
de palmeiras e coqueiros.
O mar cinza-esverdeado
corre,
dança,
passeia,
esfola
a minha pele.
Eu, o esquecido náufrago,
deixo-me levar
pela forte maré
que abarca corpo e luxúria.
Nunca os toquei ou os beijei
por incapacidade
do tempo e do espaço
que lutam contra
tudo o que anseio.
Nunca os tocarei,
talvez.
Mas conforto-me
com palavras que não dizem nada.
E são frias. Calculistas.
Cheias de fenômenos imorais.
*Pós-escrito
Sua indolência
forjou um querer fragmentado
que nem mais dividimos.
Nem sei mais quantas vezes,
ao relembrar a tua face,
pensei no suicídio.