Caio

Olhos cinzas

desejam-me por telas

e quilômetros.

São lindos.

São fortes.

São cínicos.

E fartos de alguma substância alucinógena

que entrega ao êxtase

quem os fixa

por alguns poucos segundos.

São cinzas. São ilhas.

Duas médias ilhas

de palmeiras e coqueiros.

O mar cinza-esverdeado

corre,

dança,

passeia,

esfola

a minha pele.

Eu, o esquecido náufrago,

deixo-me levar

pela forte maré

que abarca corpo e luxúria.

Nunca os toquei ou os beijei

por incapacidade

do tempo e do espaço

que lutam contra

tudo o que anseio.

Nunca os tocarei,

talvez.

Mas conforto-me

com palavras que não dizem nada.

E são frias. Calculistas.

Cheias de fenômenos imorais.

*Pós-escrito

Sua indolência

forjou um querer fragmentado

que nem mais dividimos.

Nem sei mais quantas vezes,

ao relembrar a tua face,

pensei no suicídio.

Jardel Rodrigues Ferreira
Enviado por Jardel Rodrigues Ferreira em 02/12/2015
Reeditado em 25/03/2016
Código do texto: T5467351
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.