https://youtu.be/3rzDXNQxjHs
Also sprach Zarathustra
Como Zaratustra, fugirei para as montanhas,
Bem longe da cidade, onde passarei 20 anos,
Só, na companhia da serpente e da águia,
Refletindo sobre o tanto sofrimento humano,
Suas causas, sobre o que me vier nas lembranças.
Lá permanecerei por este tanto tempo prescrito,
Até que afinal tenha assimilado o Conhecimento,
Quando me tornaria, então, cônscio da ciência Gaia,
Que é como enfim ora me sinto neste momento
Em que ela foi embora, dizendo o dito pelo não dito.
Aspirarei até a própria altura, tudo que é profundo,
Rememorando desde minha infância menina,
Onde, enfim, encontrei a verdadeira felicidade,
Para, logo após, defrontar-me com a verdade felina
E com toda a maldade que nos conduz neste mundo.
Divagarei por entre os campos floridos da juventude,
Colhendo as tantas flores entreabertas encontradas,
Saciando todos meus infindos anseios da mocidade,
Perdidos e reencontrado nos braços da amada,
Que caminhará a meu lado, ao som de alaúde.
Com a morte deste semi-deus, os valores, as crenças
E verdades perdem seu fundamento, todo seu sentido
E mormente a utilidade. Deixam de guiar o humano,
Fazendo com que, por vezes, nos sintamos perdidos,
Regidos pela ausência de fé e zombemos da esperança.
Passamos a negar a tradição moral, os preceitos legais,
Tudo, então, seria permitido, a revolução, a anarquia,
Advindas da morte de deus pelo homem que, o criando,
Antecipou o fim de seus próprios dias, quando elegia
o terrorismo e a destruição de todas instituições oficiais.
Contudo, ainda nos resta um ínfimo de esperança,
Quando sonho com a criação de um super-homem,
Que, como Deus, ser supremo capaz de revolucionar
Todos comuns dos mortais, renovando os que somem,
Que deixam de fazê-lo, quando não mais crianças...
Somente ao atingirmos a emancipação, como ascetas,
Sonharmos como humanos em liberdade, livres do medo
Até mesmo de sermos livres e dispormo-nos a amar,
Teremos, enfim, desvendado o maior de todos segredos,
Cantando a vida feliz, mesmo triste, como se um poeta.
Ainda que vá de cidade em cidade, como profeta,
Pregando este super-homem, até que os humanos,
Enfim, recuperem a perdida inocência das crianças,
Mesmo contrariados por verem frustrados seus planos
E que seja apedrejado, vaiado, refugado como poeta,
Não farei como Zarathustra, retornando às colinas,
Refugiado, decepcionado ao ver que a humanidade
Só pode se tornar grande pela própria esperança
De ser livre, de ousar pensar além da própria idade,
Ousando a travessia para fora da servidão ferina.
Os tantos bens terrenos até então conquistados,
Já não mais representam sequer qualquer valor,
Na transfiguração que agora ocorre no universo,
Quando desperta um novo homem, repleto de amor,
Que descobre que bem mais vale amar que ser amado.
O poeta torna-se eterno, relembrado em cada dia,
Desde o nascer do sol, ao despontar da cheia lua,
Por todo sempre, quando alguém acorre a seu verso,
Para decantar toda a beleza da amada, quiçá nua,
Exibindo-se, encantada, enlevada por sua poesia.
Also sprach Zarathustra
Como Zaratustra, fugirei para as montanhas,
Bem longe da cidade, onde passarei 20 anos,
Só, na companhia da serpente e da águia,
Refletindo sobre o tanto sofrimento humano,
Suas causas, sobre o que me vier nas lembranças.
Lá permanecerei por este tanto tempo prescrito,
Até que afinal tenha assimilado o Conhecimento,
Quando me tornaria, então, cônscio da ciência Gaia,
Que é como enfim ora me sinto neste momento
Em que ela foi embora, dizendo o dito pelo não dito.
Aspirarei até a própria altura, tudo que é profundo,
Rememorando desde minha infância menina,
Onde, enfim, encontrei a verdadeira felicidade,
Para, logo após, defrontar-me com a verdade felina
E com toda a maldade que nos conduz neste mundo.
Divagarei por entre os campos floridos da juventude,
Colhendo as tantas flores entreabertas encontradas,
Saciando todos meus infindos anseios da mocidade,
Perdidos e reencontrado nos braços da amada,
Que caminhará a meu lado, ao som de alaúde.
Com a morte deste semi-deus, os valores, as crenças
E verdades perdem seu fundamento, todo seu sentido
E mormente a utilidade. Deixam de guiar o humano,
Fazendo com que, por vezes, nos sintamos perdidos,
Regidos pela ausência de fé e zombemos da esperança.
Passamos a negar a tradição moral, os preceitos legais,
Tudo, então, seria permitido, a revolução, a anarquia,
Advindas da morte de deus pelo homem que, o criando,
Antecipou o fim de seus próprios dias, quando elegia
o terrorismo e a destruição de todas instituições oficiais.
Contudo, ainda nos resta um ínfimo de esperança,
Quando sonho com a criação de um super-homem,
Que, como Deus, ser supremo capaz de revolucionar
Todos comuns dos mortais, renovando os que somem,
Que deixam de fazê-lo, quando não mais crianças...
Somente ao atingirmos a emancipação, como ascetas,
Sonharmos como humanos em liberdade, livres do medo
Até mesmo de sermos livres e dispormo-nos a amar,
Teremos, enfim, desvendado o maior de todos segredos,
Cantando a vida feliz, mesmo triste, como se um poeta.
Ainda que vá de cidade em cidade, como profeta,
Pregando este super-homem, até que os humanos,
Enfim, recuperem a perdida inocência das crianças,
Mesmo contrariados por verem frustrados seus planos
E que seja apedrejado, vaiado, refugado como poeta,
Não farei como Zarathustra, retornando às colinas,
Refugiado, decepcionado ao ver que a humanidade
Só pode se tornar grande pela própria esperança
De ser livre, de ousar pensar além da própria idade,
Ousando a travessia para fora da servidão ferina.
Os tantos bens terrenos até então conquistados,
Já não mais representam sequer qualquer valor,
Na transfiguração que agora ocorre no universo,
Quando desperta um novo homem, repleto de amor,
Que descobre que bem mais vale amar que ser amado.
O poeta torna-se eterno, relembrado em cada dia,
Desde o nascer do sol, ao despontar da cheia lua,
Por todo sempre, quando alguém acorre a seu verso,
Para decantar toda a beleza da amada, quiçá nua,
Exibindo-se, encantada, enlevada por sua poesia.
O “caminhante” não tem caminho pronto,
O caminho se faz ao andar.
Sem a ingenuidade das crianças (e dos poetas)
Perdemos nossas forças para recomeçar.
(Antonio Machado)
O caminho se faz ao andar.
Sem a ingenuidade das crianças (e dos poetas)
Perdemos nossas forças para recomeçar.
(Antonio Machado)