POESIA-POEIRA

nunca sei ao certo

se sou um menino de dúvidas

ou um homem de fé

certezas o vento leva

só dúvidas continuam de pé

Paulo Leminski

Poesia é a poeira do cosmo.

Criacionista primeva, o esperma

Derramado na cama de hélio das estrelas.

Poeira esta que é captada pelos olhos

E outros órgãos-sentidos e guardada na alma.

A alma condensa a poeira,

Em fusão e faz frágil vidro.

Adicionando mais pressão,

Carbono e tempo de ciência

O vidro se faz diamante.

Algo totalmente sem sentido

Eu sei! Assim é a poesia

Do impossível e infinito

Uma religião de fé fundamentada

Nas dúvidas e incertezas do eu.

E este diamante vai parar

No papel virginal-templo e quebrar-se

Nos olhos do crédulo leitor,

Uma joia voltando a ser poeira

Voltando a ser parte, arte

Indissociável e cíclica deste universo

Para ser recapturada por outra alma

Estabelecendo dogmaticamente

O culto de refazer-se sob a face

De diferentes verdades pessoais.