DEVANEIO DE ÍCARO
Eu voo com asas próprias
Neste céu cinzento, em nuvens de carbono.
Eu abandono o chão em busca de consolo
O firmamento me acolhe em seu útero negro
Não ouso voltar ao solo podre
Prefiro o teto frio e agourento
É quase uma sentença mortífera
Uma escolha fatídica
De um solitário Ícaro, orgulho e penas.
Eu voo e minhas asas vibram ao sol.
Neste céu indiferente e rijo, então receio.
Questiono a existência, praguejo, oro.
Para ter forças, enfrentar o medo...
Do chão inevitável.