Serena vizinha
Ela era vizinha da felicidade;
Por vezes a tocava,
E convencia-se de que era verdade,
Não era feliz plenamente,
Não era a sensação de aguardente,
Mas se lhe abatia a clava,
Se sentia alguém ao lado
Ainda que sem ninguém,
Não se sentia vazia,
Apanágio de quem anda a esmo,
E o vazio, que existia,
Não lhe doía,
A felicidade a carregava na boleia,
Uma terapia, a panaceia,
Não brotavam lamentos,
Mesmo chegando a termo,
Diluíam-se em vagos eventos
Uma ironia, mas com lisura
Ter , em parceria, a ventura
Sem morar na graça plena,
Contagia-se da paz apenas