Serena vizinha

Ela era vizinha da felicidade;

Por vezes a tocava,

E convencia-se de que era verdade,

Não era feliz plenamente,

Não era a sensação de aguardente,

Mas se lhe abatia a clava,

Se sentia alguém ao lado

Ainda que sem ninguém,

Não se sentia vazia,

Apanágio de quem anda a esmo,

E o vazio, que existia,

Não lhe doía,

A felicidade a carregava na boleia,

Uma terapia, a panaceia,

Não brotavam lamentos,

Mesmo chegando a termo,

Diluíam-se em vagos eventos

Uma ironia, mas com lisura

Ter , em parceria, a ventura

Sem morar na graça plena,

Contagia-se da paz apenas

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 29/11/2015
Reeditado em 02/02/2016
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