QUANDO A MANHÃ CHEGA

A alva rasgou o horizonte

Limitando o ciclo solar e noturno.

Quando a manhã chega

Uma parte do mundo dorme

E outra desperta de suas letargias da noite.

Mundo, deus de duas faces: sol e lua.

No alvor os sonhos vão dormir

Pessoas vão trabalhar sonolentas

E o poeta continua acordado

Uma vez que ele não dorme, afinal

É dele o santo ofício contínuo

De traduzir o mundo com os olhos

Em palavras jamais ditas.

Quando a manhã chega

Num axioma com cunho de prova cabal

Mesmo quando refutado o dever

De se apresentar evidência.

Este é o sinal de que a singular vida

É a mesma apesar dos pesares

E que continuará a cada alvorecer

Independentemente de quem dorme

Ou de quem permanece acordado

Pois a manhã sempre chega.