Duas meninas

Passeiam nuas duas meninas à noite, cansadas de sol.

Uma, se contorce enluarada, ávida de amor.

Outra faz poema ensimesmada, pálida de dor.

Lânguida de espera, a que faz poema olha a lua enamorada

e só desperta na aurora dos pássaros.

Cálida de gruta, a que se contorce morde os lábios apaixonada

e só adormece na poesia da outra.

Quando amanhece, a poesia é posta na janela

para tantos que por ali passam

e para o amado que é tão delas.