O INESPERADO
Existe coincidência?
Um homem elegante sentou-se a meu lado...
Foi uma experiência não programada,
Num ônibus, repleto de lugares vagos.
Foi realmente inesperado
Que ele escolhesse sentar ali,
Tendo vindo lá de trás.
Achei aquilo meio engraçado,
Mas não reagi, nem sorri.
Eu lia minhas poesias calada
E, sem que notasse era observada...
Ele as lia, também, de soslaio.
Muito discreto parecia-me o rapaz,
Até que, de repente, me dirigiu a palavra
E eu, assustada, quase caio.
Pediu desculpas pelo susto e solicitou fotografar
Duas poesias de que pareceu gostar,
Tecendo a elas comentários elogiosos.
Disse-me, então, que também escrevia
E começou a declamar versos famosos
De Shakespeare, Drumond
E, também, outros de sua autoria,
Em suave e elegante tom.
Disse a ele que o livro era meu
Encantado, se surpreendeu.
E pediu-me para a capa fotografar
E, ainda, outros poemas mais...
Indagou-me onde poderia o livro comprar.
Respondi, mas a conversa foi suspensa ali.
Tive que descer, me despedir...
Não deu tempo de saber seu nome...
O meu, acho que na foto da capa o leu.
Talvez nunca mais nos vejamos,
Mas o inesperado ronda sempre por ai.
E situações assim é o que desejamos.
Será que poetas se atraem?