FRÊMITOS

Recebo uma ordem expressa

vinda d’algum lugar e me ponho a cavar!

Cavo terrenos, busco sítios,

reviro demarcações históricas.

Acho apenas sonhos,

angústias, mágoas, quimeras...

Nova ordem. Cave mais!

E vou eu garimpando achados

da arqueologia humana.

Agora são “visagens” quase reais.

Vultos ancestrais que me surgem...

Mais uma ordem me chega.

Vá lá, cave mais. Mais ainda!

E tento. Tento cavar. Não dá.

Não se pode passar daqui.

Sinto só o breu da escuridão.

Nada pode furar essa laje fria...

Ouço, contudo, vozes de alhures!

Nesse escuro fosso percebo murmúrios

que claramente me chegam

vindos do outro lado da rocha...

Não são sons do outro lado,

diz-me a voz nesse momento!

São frêmitos, gemidos, ais,

da culpa que habita em teu peito

que sangrando os sibilam, amplificados...

thiticobomfim
Enviado por thiticobomfim em 26/11/2015
Código do texto: T5461125
Classificação de conteúdo: seguro