O quadro de Rembrandt (verso infinitivo totalizado)

Tudo o que esta poesia diz não é verdade, amigo ledor e amiga ledora, não passa da mais pura imaginação...

1

A Itália Galileu veio a deixar,

Deixando-a em 1638 para então viajar;

Viagem feita à Holanda, ali a ficar,

Ficando para sua derradeira obra publicar.

2

A Inquisição o proíbe de conceber

Conceber seus pensamentos que ela o põe a rever,

Revendo, Galileu reflete sobre o conhecimento que veio a eleger,

Eleito estava ele pela erudição científica a se envolver!

3

Na Holanda publica o resultado de seu refletir,

Reflexão resultante no “Discurso e Demonstrações Matemáticas Sobre Duas Novas Ciências” a exprimir,

Exprimindo assim aos 74 anos de puro inferir,

Inferência científica da mais alta erudição a perquirir.

4

Esta sua última obra oferece um rico valor,

Valor ao conhecimento humano que quer se impor!

Imposição salutar que quer findar a dor,

Dores infligidas pela ignorância outrossim a se impor!

5

Rembrandt, aos 32 anos de juventude da vida a receber,

Recebe outrossim da Arte um talento inato em conceber,

Concepções de quadros ao Belo a enaltecer,

Enaltecendo assim a pintura para a vida vir a enriquecer!

6

Um quadro de Galileu quer ele pintar,

Pintura dum quadro que Galileu põe a dar

Dar sua permissão, e assim põe a posar,

Pose que lhe dá grande prazer ali a revelar.

7

Em 1642 Galileu falece, deixando profícua obra que veio a compor;

Compunha então Rembrandt a sua “Ronda Noturna” e seu talento a expor;

Expunha também a perda da esposa em profunda dor,

Dolorosa perda compensada pela pintura, a qual dava significativo valor.

8

Rembrandt vive até 1669, quando vem a partir

Partir deste mundo, morrendo, para na perpétua fama se inserir;

Inserida ficou su’Arte no rol do Belo a lhe exibir,

Exibição de obras de inestimável valor a lhe conferir.

9

Por exatos 200 anos o “Galileu” de Rembrandt perdido veio a ficar,

Ficando assim, portanto até 1869, quando passa a estar,

Estar nas mãos do jovem Van Gogh, antes desse viajar;

Viagem feita à Suíça, aonde intenso interesse pel’Arte vem a mostrar.

10

Van Gogh agora é o seu detentor;

Detém este quadro de Rembrandt juntamente com os que pôs a compor;

Composições de quadros que do Impressionismo tornaram-se senhor,

Senhoreando-se de nós que a eles damos o devido valor.

11

Em 1890 Van Gogh vem a morrer,

Morte causada ao sofrer

Sofrer um disparo de pistola que veio a cometer,

Cometido por ele próprio em suicídio a promover.

12

O quadro de Rembrandt passa a servir,

Servir a seu irmão Theo, ao qual surge um colecionador a investir,

Investir no quadro, com o qual põe a partir,

Partir à sua residência com prazer a lhe conferir.

13

Este tem um empregado, cuj’Arte é seu entreter.

Entretenimento que aumenta ao ver,

Ver o quadro de Rembrandt a lhe envolver,

Envolvimento profundo daquele humilde ser.

14

O furto é desse empregado o seu pendor;

Pendendo para tal crime e abandonando o seu senhor;

Senhoreando-se do quadro, foge e a má sorte a ele vem a se impor!

Imposição, igualmente, da subsistência para a boa sorte vir a seu favor.

15

Um colecionador italiano o quadro vem a comprar;

Comprando-o, à sua casa em Milão pôs a levar;

Levando-o para lá, na parede de sua luxuosa sala veio a pregar,

Pregando-o ali para aquela obra então admirar!

16

O “Galileu” de Rembrandt ali na Itália passa a existir;

Existindo, portanto na pátria de Galileu a lhe servir,

Servindo-se de sua morada a lhe abrir,

Abrindo suas portas e boa estada a lhe consentir.

17

Passam-se quatro anos; a casa do milanês um amigo judeu passa a frequentar;

Frequência esta que inevitavelmente o faz perceber,

Perceber o quadro de Rembrandt, pondo-o a admirar!

Admiração aliada ao seu desejo do quadro obter.

18

Ali está com esse forte desejo de adquirir,

Adquirir esse quadro, e logo se torna seu novo comprador,

Comprando-o por elevadíssima quantia a investir,

Investimento este em seu favor.

19

O judeu é amigo de Herman Einstein, do qual tem algo a comprar.

Compra dele um equipamento elétrico que Herman põe a exibir;

Exibição esta que o faz se interessar,

Interesse pelo próprio equipamento que passa a adquirir.

20

Albert, jovem filho de Herman, que ali está, deseja obter,

Obter o quadro de Rembrandt, igualmente a se lhe exibir;

Exibe o garoto, por sua vez, uma admiração que não consegue conter.

Contido em si havia uma luz que sempre persistiria em existir!

21

Ora, especial carinho o judeu sempre veio a lhe demonstrar;

Demonstrando àquele rapaz que do seu quadro quer ser o senhor,

Senhoreando-se dele, o qual o judeu promete lhe dar,

Dar-lhe, caso lhe diga algo que o fascine com sua imaginação a expor!

22

Então, Albert vem a lhe dizer,

Dizer-lhe sobre sua fascinação pela luz, dos olhos o fulgor!

Fulgor que cresce diante daquele quadro a conter,

Conter o segredo da luz que apenas o “éter aluminífero” pode compor!

23

O judeu fica encantado com o que Albert veio a expor!

Expondo de maneira poético-científica, fazendo-o dispor,

Dispor duma profecia sobre o futuro brilhante de Albert a se impor,

Imposição sobre a Epistemologia! E o quadro sob posse do garoto passa a pôr!

24

1905, onze anos depois, Albert passa a ir

Ir a um novo lar onde põe a exibir

Exibir aquele quadro na parede da nova sala a residir,

Residência daquele que sobre o fenômeno relativista ainda há de refletir.

25

No seu escritório em Berna o quadro passa a trazer,

Trazendo-o para ali, sobe num banquinho para um prego na parede bater;

Batendo o prego, desequilibra-se e cai com o rosto voltado para o chão, vindo a perceber,

Perceber o chão vindo até ele, o que o faz raciocinar e a Teoria da Relatividade vir a conceber!

26

Cinquenta nos depois, em 1955, Einstein falece, e 60 anos depois, o seu quadro passam a leiloar.

Leilão este onde está um senhor holandês que o deseja arrematar,

Arremate maior vem ele a dar,

Dando-lhe isto imenso prazer, após anos a procurá-lo, afinal Rembrandt é seu ascendente há 409 anos que vieram a passar.

Binho Laranjeira
Enviado por Binho Laranjeira em 25/11/2015
Reeditado em 25/11/2015
Código do texto: T5460815
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