INSÔNIA
Seguro a noite pelos cabelos negros
mas ela se solta das minhas mãos,
se esvai, esvanece.
Passarinhos já aparecem,
puxam as abas do dia com seu canto
e eu os espanto,
enxoto com pedrinhas
em vão.
A noite, ferida de luz,
agoniza,
a brisa noturna me lembra:
momentos finais
e eu luto um pouco mais,
fecho as cortinas,
cerro os olhos
escrevo poemas.
Inútil.
Rumores na rua, buzinas,
retira-se a lua,
estrelas se esfumam,
não há mais o que fazer.
Me rendo
e deixo o dia amanhecer.