VIREI UM DECALQUE
VIREI UM DECALQUE
Hoje já não sou esboço,
Não sou a arte acabada,
Sou o decalque infantil
Feito no papel de seda.
Bolo de fubá muito frio,
Mofado na geladeira.
Não há café no pote,
Tudo parece até risco de giz,
Decalque de criança mimada.
Estou com fome de você,
Nem que seja um esboço
Ou você como obra realizada,
Cinza no papel de pão marrom.
Nata em leite enrugado tudo,
Não suporto a textura da nata,
Parece até que é sujeira do leite;
Assim deve estar a minha alma,
Leite integral fervido e fervido,
Proteínas mortas e desnaturadas,
Vida morrendo no branco leite.
Vida que poderia matar ou não,
Mas os fortes sobrevivem e vivem
Os fracos sobrevivem e lamentam.
Camisa branca lã rasgada no frio
Suja pelo tempo corrido sem você.
Bolo cenoura na lembrança,
Cor num universo pálido
De retas vindas dos rabiscos
De desenhos decalcados em mim...
Trago tatuagens na minha alma
E na maioria dela esta você.
André Zanarella 10-04-2014
Decalcar: Reproduzir um desenho em um papel transparente