PÉ NA SENZALA

quando saio do meu quarto,

e sinto que estou livre

acordado,agradecido

mas com um semblante bem triste,

é que estou amordaçado,

os pés com bastante calos,

vivendo sem nenhum sentido.

É como falar do naufrágio,

do roto, do mau lavado,

da consciência das feras,

que planeja os atentados,

desta vez não foi só negros,

que passaram maus bocados.

Estamos numa senzala,

onde a guerra sem cor brotou,

destrinchou no ocidente,

nem o palácio do louvre respeitou.

Lembrei-me de nossas senzalas,

sem teatros,poesias e marionetes,

luar negros e negras juras se amando,

eles estavam recitando a linda canção de ORLANDO,

lindos poemas épicos foram assim eternizando.

Da idade média às cruzadas,

o épico poema recitou,

guerras, batalhas vencidas,

até quando ROMA,SAXÕES,VIGODOS se civilizou,

Mas nos deixou um recado:

o mundo só vive de AMOR.

Hoje já não tenho medo,

do tronco da escravidão,

Nós afros só temos beleza,

no ocidente a grandeza,

o mundo da civilização,

tenha cor negra ou não.

O que ainda me preocupa,

é que num instante surja valas,

pois o homem ainda prepara,

e no consciente ainda amarra,

seu pé numa senzala.

ARTHUR MARQUES DE LIMA SILVA
Enviado por ARTHUR MARQUES DE LIMA SILVA em 24/11/2015
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