FRATELLI VITA
vi-me, entre os copos,
no espelho da cristaleira
tão frágil quantos as taças
apesar do olhar de geleira
era eu o murano pálido
o fantasma de vidro soprado
que assombrava cada vazio
apesar do coração quebrado
vi-me, gravado no pó,
de um velho cálice anilado
o último de sua espécie
displicentemente preservado
era eu o fratelli remendado
que destoava de toda a fileira
o anti-davi cheio de araldite
o bibelô arrematado na feira.