Perséfone

Na última brisa da madrugada,

Como há outonos não se fez retrato.

Avoluma-se em restos da memória assombrada,

Vapor almiscarado de sepulcro casto:

Revejo em teu pulso rubís à verter ágil...

Fazendo do remorso o leito,

Onde meu em teu rosto deito:

A sonata evanescente de um peito frágil...

Ainda vivo, no repicar antecedente a aurora,

Apunhalado por musa triste,

Esta saudade eterna me devora

Em miragem tua que persiste...

E ao raiar de cada batalha,

Eternamente, a rejeitar o Hades...

Sei que, de novo, romperás a mortalha

Para alucinar-me de tuas saudades...

Ralph Heck
Enviado por Ralph Heck em 23/11/2015
Reeditado em 08/04/2018
Código do texto: T5457794
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