Perséfone
Na última brisa da madrugada,
Como há outonos não se fez retrato.
Avoluma-se em restos da memória assombrada,
Vapor almiscarado de sepulcro casto:
Revejo em teu pulso rubís à verter ágil...
Fazendo do remorso o leito,
Onde meu em teu rosto deito:
A sonata evanescente de um peito frágil...
Ainda vivo, no repicar antecedente a aurora,
Apunhalado por musa triste,
Esta saudade eterna me devora
Em miragem tua que persiste...
E ao raiar de cada batalha,
Eternamente, a rejeitar o Hades...
Sei que, de novo, romperás a mortalha
Para alucinar-me de tuas saudades...