Ouvir o mar...

Em noites caladas, horas paradas
Ouço o mar quebrando nas pedras
Fecho os olhos, sinto as águas agitadas
Perco-me nesse embalo, nessa queda...

Ouvir o mar, é o mesmo que ouvir estrelas
Ora, amigo, nunca ouviste o som das ondas
Nem sentiste o brilho, o tremeluzir delas
Quando tudo é silêncio por onde andas?

Para tudo isso ver e escutar, abro a janela
Do coração e sinto o mar fazendo contorno
Batendo irado na praia, voltando docemente
Desfazendo como por encanto a procela...

Ruído brusco é substituído por uma calmaria
Pois a onda gigante que abocanhou a praia
São espumas que retornam e deixam a maresia
Ser levada pelo vento, enquanto a aurora raia...

Então, converso com o mar, minh’alma chora
Lágrimas se misturam com as gotas que vêm
No arremesso das ondas que chegam de fora
E jogam no mar as dores, com ares de desdém.

Mena Azevedo