BLACKOUT
A pele dos muros

 
 
Frasco de remédio barato
encontro esquinas verdes
vende sua pele
por bocas fétidas
loucas por outro apelido
bandido da noite
raposa mordida de lua
lobas na porta
dentes afiados sem pose
esperando carne crua
entre  há uma dose livre
te querendo
está no corpo servido
em cima da mesa
há um corpo desfalecido
donzela traída
gosta ser vítima
sua língua  pinta-lábios
escorre vontades
o coletor do gosto de sexo
percebe o intimo dela
querendo sair por entre
as pernas
grita aos vândalos
descubram suas vestes
ela está pronta
depois das escuras esquinas
estarem tontas
o dia não amanhecerá
sobre nenhuma pureza
só há uma certeza
tua beleza comprada
foi vendida
será vendida
sempre a noite
o estupido ganha formas
no centro de beleza
no guarda roupas
na porta de saída
quando não teima
que a saída
nunca termina..