Se os meus olhos vissem...

Se os meus olhos vissem

o que meus olhos pudessem ver

não veriam, ainda, o Inevitável

e toda tragédia que corre atrás de um córrego:

só veriam os calos dos pés dos outros

e flores rosas no cenário de uma mulher

vagarosa

e o ranger de dentes na Saída.

Antes fosse de importância que vissem:

olhos consumidos pelo sono de outrem

quase funcionando para o maligno

o choro como saliva e a saliva

como pórtico de interpretações internas

e o sol batendo naqueles olhos

era um sol nunca antes visto

e impossível de se ver.

Dan Oliveira
Enviado por Dan Oliveira em 21/11/2015
Código do texto: T5455764
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