Se os meus olhos vissem...
Se os meus olhos vissem
o que meus olhos pudessem ver
não veriam, ainda, o Inevitável
e toda tragédia que corre atrás de um córrego:
só veriam os calos dos pés dos outros
e flores rosas no cenário de uma mulher
vagarosa
e o ranger de dentes na Saída.
Antes fosse de importância que vissem:
olhos consumidos pelo sono de outrem
quase funcionando para o maligno
o choro como saliva e a saliva
como pórtico de interpretações internas
e o sol batendo naqueles olhos
era um sol nunca antes visto
e impossível de se ver.