Setenta


Hoje vejo que a vida começa a declinar aos trinta,
Quando mudamos de fases, adentrando a dos “enta”,
Que sucedem quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta,
Com poucos dela saindo, fugindo do fim que nos finta.

Poucos conseguem lograr o enorme bem da maturidade,
Mesmo com todos os incômodos que os cabelos grisalhos
Nos causam, procurando, por vezes, trilhar pelos atalhos
Que permitem sermos vistos como se de menores idades.

Tenho profundo orgulho de cada uma de minhas rugas,
De cada uma cicatriz que levo estampada em meu rosto,
Mais demonstrando a felicidade de viver que de desgosto,
Como marcou-me a vida, em cada uma de suas rusgas.

Defronte ao espelho, vejo um rosto plácido que ostenta,
Bem mais que mágoas e decepções, a pura felicidade,
Encontrada no fato de viver de acordo com minha idade,
Feliz por ainda amar, quando ultrapassados os setenta...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 20/11/2015
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