Elgar & Queiroz
( poesia inspirada na música “Variações Enigma”, de Edward Elgar e no conto “O Suave Milagre”, de Eça de Queiroz )
I
Oh, caro ledor,
Se tiver o prazer
De ouvir de Elgar o seu clamor
Em notas musicais que nos fazem ver!
II
Ver na nossa imaginação
Aquele derradeiro momento
Tão comovente ao coração
Daquele conto inesquecível e de elevado intento!
III
Una-se Elgar a Queiroz,
Música e Literatura!
E tens uma cena que nos embarga a voz!
Aquele “Ninrod” da Sagrada Escritura!
IV
Da sua “Variações Enigma”
Compôs Elgar em três breves minutos
Algo que em noss’alma assinala sublime estigma,
Como sendo dos anjos os seus intuitos!
V
Ouça, caro ledor ouça, vos imploro!
Que música sublime!
Unida ao conto cuja emoção é o polo!
E ao espírito muita comoção imprime!
VI
O menino ao lado de sua genitora;
Somente a ele a fé alcança
E clama insistente pela mão consoladora
Do Filho de Deus, sua única esperança!
VII
Agradável som de Elgar a nos encantar,
Casando-se à cena do suave conto milagroso,
Escrito pelas mãos de Queiroz a nos emocionar,
Causando-nos incomparável e celestial gozo!
VIII
Aguarda a criança pelo rabino poderoso
E a música nos mostra esta cena,
Até àquele momento de todo glorioso
Que em nossa mente vem e se encena!
IX
Unindo Elgar com Queiroz,
Vê-se a criança rastejar
Ao abrir da porta e a suave voz
De Cristo Jesus ali a chegar!
X
A mãe chora e não acredita,
Pois com a fé de seu filho o Filho veio,
O Filho de Deus com a cura bendita
Àquela criança que pensa, “em Ti Jesus, eu creio!”.
XI
E certamente curada ela é
E a música de Elgar assim termina
Com as últimas linhas do conto da fé,
Escritas por Queiroz em criatividade que mui germina!
XII
E o silêncio se faz e nele com certeza
Guardada está a alegria daquela família deveras pobre;
Música e Literatura com incomparável singeleza
De Elgar e Queiroz, cada qual de espírito nobre!
(Eça de Queiroz (1845-1900)
(Edward Elgar (1857-1934)