vida, ferida aberta
Viver sem viver em mim.
Viver em ti, sem ti também.
Sem mim e sem ti, viver.
Senti a fera da vida ferida,
de fauce sempre aberta,
canino vivo,
brilhante lôstrego na noite.
Teremos de nos converter nas de antes,
teremos nós de ser as resistentes
acossadas, ousadas.
Receber na nossa carne os paus
que noutras denunciamos,
que por elas soubemos da tristeza das feridas.
Teremos de ser nós as que antes eram,
para as novas, como hoje nós com as de antes,
nos reconhecerem.