FORNALHA DAS LÁGRIMAS

Estas horas calmas

Feitas de areia congelada

Condensadas em vidro

Na fornalha de lágrimas

Ácidas e quentes

Dando o ponto de fusão.

Vejo o mundo espelhado

Nestas horas vítreas

Estagnadas, fechadas

Sem brilho verdadeiro.

Estas horas calmas

Estáticas e reflexivas

No piscar dos olhos

Quebram-se, viram cacos

O nobre incômodo

Da retina que vê a vida.