FINGINDO QUE É ABRIL

"A nós bastem nossos próprios ais,

Que a ninguém sua cruz é pequenina.

Por pior que seja a situação da China,

Os nossos calos doem muito mais..."

Mario Quintana

Nem sempre estou rindo à toa

(Quem ri de tudo passa por retardado).

Tem dias eu não acho minha cara boa,

Eu acordo assim, meio mal-humorado.

Mas aí aparece um chato de tamanca

Pra me falar de suas pobres penas.

Se achega, se espicha, se abanca,

Solta na minha cara todos seus dilemas.

E eu fico assim, fingindo que é abril,

Sorrindo de lado, como quem já jantou,

Com vontade de mandar à pata que partiu

O chato de tamanca que me alugou.

Ora, que lástima, o seu mundo caiu!

Mas alguém se importa como eu estou?