Tenta(ções)
Difícil é conviver comigo, tenho de concordar
Difícil é perder mais uma vez, não tem como negar
A alegria um dia vivida o tempo tampou
As pegadas da renúncia o vento apagou
Hoje o inimigo é inimigo; amanhã, aliado
Difícil é clamar por compaixão pela centésima vez
Difícil é dizer agora vai, pela enésima
O agora que vivo é luta
Mas parece que o futuro é mais óbvio
Hoje o inimigo é inimigo; amanhã, aliado
É doloroso, eu confesso…
Tão límpido e transparente como o rio renasci
Tão cheio de vida e beleza escorri pela rota que criei
Mas ao cair da tarde da vida tão depressa desfaleci
E entreguei a minha vigília que tão pouco durou
Entre conviver com o que reprovo e conmorrer com a derrota, prefiro lutar
Entre desistir e resistir eu quero existir
Entre manquejar e praguejar, quero me agarrar ao galileu
Entre as tentações da vida seguirei tentando
Enquanto houver fôlego, há vida; há esperança