Fluxo

O vai e vem dos dias

Produz um ruído

A poeira no ar tem um cheiro morno

Paira na cidade uma sombra difusa

-

Todos os dias um novo dia

Loucura e mansidão

Os problemas estão nos consumindo ou nos anestesiando

Entretanto ainda restam motivos para rir até perder o fôlego

É estranho, é dúbio

-

Já não fazem mais antigamentes como antigamente

Sabe?

Às vezes dá essa vontade

De olhar no fundo do olho e perguntar, em tom de súplica: "sabe?"

Como um grande "diga que me entende"

Porque talvez eu não entenda

Me diga que nada disso é um grande engano

-

A lua lá fora brilha impassível

As mariposas na janela

E não, não que esteja perdido

Ou desamparado

Mas talvez eu já não saiba mais escrever

E sinta esse medo de ser muito cliché

Imagina, inseguranças

Fora de cogitação, vamos falar de vitórias

-

...

...será que estamos assim tão bem?

Eu gostava mais de quando a gente sabia menos

E nós estávamos à margem de tudo isso

A ignorância é uma benção

-

Lembra de quando a gente... lembra? Tudo aquilo que aconteceu

Eu choro só de lembrar... sabe? (de novo o sabe)

Eu preciso que você saiba.

-

O fluxo dos carros nas ruas sempre com a mesma pulsação

de um grande coração cinza

Um tédio cobre as calçadas

Os estranhos, os olhares, os suspiros

-

Nós precisamos de alguma coisa que seja significativa

Por favor, me dê alguma coisa que me conforte

O seu abraço vai curar toda essa monotonia

Essa charada monocromática

Os seus olhos vão dizer "eu sei", o seu corpo vai dizer "eu sou"

Vamos embora?

Pra um lugar onde ninguém possa nos achar.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 16/11/2015
Reeditado em 23/09/2019
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