O INCORPÓREO
 
Teu silêncio germina
meu espaço aéreo
teu mistério sufoca
as desculpas todas
as desculpas falhadas
ensinadas por todas
aquelas do silêncio de amar
do corpo cansado
de deitar na sombra
do mesmo lugar
luares falsos
da luz de lamparina
navegando
os angelicos e 
suas bobagens febris
toda idade feliz
tem outras vontades
que eu nunca quis
a matriz volátil
da sensualidade
a meretriz e o sádico
 o inteiro mundo
antropofágico
como vejo meu quarto
tão trágico
sobre nuvens de tempestade
cuspidas
sem teu gosto
sem a malicia do frasco
delicioso
que abres por inteira
o que te deixa inteira
vestida depois sobre mim
é sobre mim
que invoco “demônios”
por anônimos cultos secretos
de mãos atadas
no falo sentido ereto
que descobre nas telas
o mesmo nome
das arestas imundas
que procuras deixar-me
sozinho sem resposta
“não há sangue na fuga”!