VINHO E LÁGRIMAS
VINHO E LÁGRIMAS
O vinho tinto não satisfaz a tristeza
A serra está tão longe de mim agora.
Sempre vivi nos vales escuros sem sol
Com urubus tirando meu couro vivo
Sobreviver era a lição aprendida...
Era o grito da cantora lírica afônica,
O choro do palhaço drogado e triste
O pênis decepado da bela transexual.
O ritmo da sobrevivência é apressado
Perdi-me nos meus sonhos de fuga...
O escorpião rasteja e esconde na bota,
Pronto para ferroar e matar na defesa,
Assim como o vinho e barbitúrico mata...
Mata ou entorpece a tristeza da fé perdida?
Não sei mais quem eu fui quem eu sou.
Levanto bandeiras de amor rasgadas,
Perdi o palhaço para a vida adulta cinzenta
A transexual bonita é cabeleireira e boneca
A cantora lírica se matou na navalha...
Sobrevivi a todos os símbolos e línguas
Anjos e demônios me julgaram e apedrejaram
Não adiantou Jesus ensinar o não julgar
Estou aqui nu no vale cercado de montanhas
Faltam-me asas para voar para o sol distante
Talvez a cera derreta e os anjos cantem
“Ave Maria” é a canção final que vou ouvir
e eu na queda final quero apenas vê-la
E ela por compaixão ira sorrir para mim
André Zanarella 09-05-2014