Intocada

Vive dando seu corpo ao abutre,

Sente o álito fétido dele

Vive intocada na toca invisível

Vê ao longe o desafeto

De cada refeição onde é comida

Banha-se da água que renasce

Sai como se nunca tivesse sido usada

Apaga o que passou

Parada, sabe a hora

Sente o presságio

De tanto ser usada, de corpo

Já não estranha

Revolta?

Mágoa?

Repressão?

Supressão?

A ave de rapina vilipendia o corpo morto

Para ela

Degusta do alimento

Que não existe

Aprendeu servir o anódino

Deixa-o saciar da comida sem vitalidade

Farta-se daquilo que nunca foi

Sai saciado do que nunca teve

O que fica é o que sempre valeu

A Alma, lá

Reluzindo, sempre

Bela

Continua colorindo e formatando

O corpo

Encantando-se com isso

E os outros

Faz a festa, alegra os presentes

Faz a diferença

Mantém-se encantadora

Sempre

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 13/11/2015
Código do texto: T5447775
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