Rio Doce
Eu não nadei no Rio Doce
Eu não pesquei no Rio Doce
Eu não cresci no Rio Doce
Foi o Rio Doce que cresceu em mim
Transpôs minhas margens
Atravessou meu leito
Mergulhou em mim
Salvando-me da superfície...
Do raso...
Do barro que é viver
com fome e sede de viver.
O Rio Doce veio a mim.
Inundou meu corpo
com a água que hoje é falta
Molhou minha língua
na umidade da palavra
[água]
Matou minha fome
com o alimento que está morto
Sem pedir para morrer.
...
O Rio Doce salvou a minha vida
e, hoje, sangra.