TRAVESSIA

Me perdi em algum canto do caminho.

De mãos atadas estou, de mãos atadas escrevo.

Me sinto como se já tivesse nascida velha, parece estranho.

Não pela minha aparência, mas pelo peso que sinto carregar em mim.

Um peso que faz com que meu corpo se apresente tenso.

Uma espécie de fardo.

Tento dar nome ao que sinto.

Arrisque-se, é o que ouço.

Deus está contigo, lhe estende a mão.

Que alívio, não estou só, posso escolher...

O futuro me olha, cabe a mim alcançá-lo.

Mudarei meu mundo quantas vezes necessário for,

Sei que nossas mãos estão coladas, em um mesmo destino.

A porta aberta, nos incita a caminhar.

A dor não é só minha, o medo não é só meu.

Escondendo as lágrimas de mim mesma, em silêncio permaneço.

Não preciso de mais nada.

Me basta seu olhar no meu.

Saio da paralisia, caminho, atravesso a porta.