A MARGEM SUPERIOR
 
 
Os excessos contínuos
os ensejos salgados
olhando a vitrine
que vista perde
uma vista do olhar comum
tarde de sonhos
noite adentro
dormindo sozinho
vamos às esquinas
dos qualificados
a serem objetos
o discreto mundo
dos idólatras perdidos
perseguem a si mesmo
na frequência da musica
de outono
caindo bandidos
por roubarem da alma
sua última escolha
finuras lindas de morrer
pra qualquer subsolo imundo
ter prazer
sentir o alívio modesto
do valor deserto
sentidos caóticos
narcótico cerebral
quer o mal dentro de si
saindo
o sorriso farsante
da musa delirante
o suor causado
que suor envenenado
por estéreis convites
miséria de suicídio
no último espelho
do contrário de si
esvaindo
quer a dor de consolo
por elas tão belas
tiradas num bolso
que traz vertigens pueris
infeliz sossego
do ego ferido
de casos antigos
que todos conhecem
que padecem da mesma
nostalgia
a menina tomava um conhaque
pra se afogar da pobre sede
a sina do coiote
era vingar todas elas
na mesma mulher
nenhuma mulher
é escrava do prazer
o prazer é um corpo amado
mesmo que amado
seja por sexo contido
das vontades alheias
elas são todas sereias
tocando as náuseas
do vago moribundo
que acordou tarde
pagou por horas marcadas
não subiu as montanhas
não uivou na lua prateada
não teve tempo
de morrer sozinho.