PEQUENO FALCÃO - OACAUÃ
PEQUENO FALCÃO - OACAUÃ
Sou pequeno oacauã a voar,
Luto contra as más serpentes,
Como também há más acauãs,
Tudo é relativo aqui na altitude,
Tenho minhas asas e vejo alem,
Não vejo formas físicas apenas,
Quero ver almas e corações...
Quero voar aqui na altitude do céu.
Um dia minhas asas foram arrancadas,
Fui mutilado e caçado pelo destino,
Caçador de oacauãs que dilacera,
Que tira a leveza do ar e põe couraça.
Hoje olho a acauã no espelho triste,
Não reconheço mais o falcão veloz,
Vejo o que era e o que agora me tornei,
Um ser sem asas e bico dilacerante,
Mas acredito no coração, maldição!
Mudo de roupa, perfume e corte cabelo,
Mudo de vale, de casa de quase tudo,
As serpentes agora me perseguem,
Pois estou sem asas no espinheiro.
Queria fugir num voo veloz agora,
Talvez na tentativa o voo seja queda,
Na queda veja serpentes e mais oacauãs,
Caindo no solo fértil ficarei estático,
Nunca nasci para ser semente e dar a vida,
Então viro húmus, fertilizante para a vida.
O apodrecimento pode ser romântico
Estático vejo acauãs voando e serpentes
O antigo dono do castelo sorri ao longe
Como leque usa minhas asas amadas...
Agora no suspiro dou a vida a outros...
Tudo é tão distante e o ciclo continua.
André Zanarella 15-04-2014
Oacauã = acauã = falcão que se alimenta de serpentes