MESMO GÊNERO

Tenho a minha frente uma árvore

logo atrás dela

dessa bela obra de arte

há três patetas de mesmo gênero e uma loura

continuo observando inútil diálogo

ninguém importa-se com gênero feminino

percebe-se que até mesmo a conversa mudou

antes dela chegar

os olhares dos de mesmo gênero

retinham cuidado sob louras de outros nichos

agora em comportado estado de desespero

procuram todos distrair-se em redes mais profundas

há quem ignore toda oportunidade de se lançar

as chances que a rodeia são inúmeras

acham todos mais seguro entrelaçar-se ao virtual

falam ao celular representando

intercâmbio próximo

ela se anima no chopp

não demora e já percebo represálias

por atitude em público

sucumbe ao relacionamento

deixa passar

apresenta boca a um deles

o gosto de seu amor mesmo reprimido

presenteia-o com que há de melhor e sexy

mesmo assim

parece não importar-se

no que acaba o beijo

torna cabeça baixa sob celular

como todos costumam fazer

não sei desde quando

"que coisa mais chata", penso eu

ela fica ali

querendo doar-se

dar tudo de si

investir no olhar a caminho de um sonho

esquecida

repousa aparelho para quem perdeu guerra

sob mesa

toda sua atenção já não é mais necessária

depois que as redes chegaram as mãos

dos de mesmo gênero

é tão mais fácil manter contato

que buscar por isso no olhar do outro

já não carece mais

na falta de assunto

repousa mãos solitárias sob coxa

quer atenção

quer demonstrar alto controle

infame,

gostaria de sentir o desespero que aflige

se não precisasse

não submeteria tal protesto em satisfação do outro

gostaria que loura soubesse

de que não existe apenas os de mesmo gênero

tão idiotas como todos eles.

Jack Solares
Enviado por Jack Solares em 09/11/2015
Reeditado em 10/11/2015
Código do texto: T5442625
Classificação de conteúdo: seguro
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