MESMO GÊNERO
Tenho a minha frente uma árvore
logo atrás dela
dessa bela obra de arte
há três patetas de mesmo gênero e uma loura
continuo observando inútil diálogo
ninguém importa-se com gênero feminino
percebe-se que até mesmo a conversa mudou
antes dela chegar
os olhares dos de mesmo gênero
retinham cuidado sob louras de outros nichos
agora em comportado estado de desespero
procuram todos distrair-se em redes mais profundas
há quem ignore toda oportunidade de se lançar
as chances que a rodeia são inúmeras
acham todos mais seguro entrelaçar-se ao virtual
falam ao celular representando
intercâmbio próximo
ela se anima no chopp
não demora e já percebo represálias
por atitude em público
sucumbe ao relacionamento
deixa passar
apresenta boca a um deles
o gosto de seu amor mesmo reprimido
presenteia-o com que há de melhor e sexy
mesmo assim
parece não importar-se
no que acaba o beijo
torna cabeça baixa sob celular
como todos costumam fazer
não sei desde quando
"que coisa mais chata", penso eu
ela fica ali
querendo doar-se
dar tudo de si
investir no olhar a caminho de um sonho
esquecida
repousa aparelho para quem perdeu guerra
sob mesa
toda sua atenção já não é mais necessária
depois que as redes chegaram as mãos
dos de mesmo gênero
é tão mais fácil manter contato
que buscar por isso no olhar do outro
já não carece mais
na falta de assunto
repousa mãos solitárias sob coxa
quer atenção
quer demonstrar alto controle
infame,
gostaria de sentir o desespero que aflige
se não precisasse
não submeteria tal protesto em satisfação do outro
gostaria que loura soubesse
de que não existe apenas os de mesmo gênero
tão idiotas como todos eles.