A ÁRVORE FERIDA
Noite fora acontecera
Sem termos dado por isso,
Não prevíamos, Deus meu,
Nem ouvimos reboliço.
Partiu-se co'a ventania
O ramo farto e pesado
Da árvore que encobria
O prédio do outro lado.
No tronco, o golpe sofreu
Que a mão do homem não fez,
A madeira apareceu
Ferida com rispidez.
A simetria desfeita
Da arve, que nos encanta,
Tornou-a assim imperfeita,
Mas 'inda tem graça tanta!
O ramo já o levaram,
Pedaços vários serrados,
Uma clareira deixaram
E alguns galhos espalhados.
'Stá agora a florescer,
Como se, não se perdera
Bela ramada a crescer,
Que de noite acontecera.
Tal como suas irmãs,
Copas coloridas, lindas,
Que olhas todas as manhãs,
Quer dar-te flores bem-vindas!
LISBOA
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