A ÁRVORE FERIDA

Noite fora acontecera

Sem termos dado por isso,

Não prevíamos, Deus meu,

Nem ouvimos reboliço.

Partiu-se co'a ventania

O ramo farto e pesado

Da árvore que encobria

O prédio do outro lado.

No tronco, o golpe sofreu

Que a mão do homem não fez,

A madeira apareceu

Ferida com rispidez.

A simetria desfeita

Da arve, que nos encanta,

Tornou-a assim imperfeita,

Mas 'inda tem graça tanta!

O ramo já o levaram,

Pedaços vários serrados,

Uma clareira deixaram

E alguns galhos espalhados.

'Stá agora a florescer,

Como se, não se perdera

Bela ramada a crescer,

Que de noite acontecera.

Tal como suas irmãs,

Copas coloridas, lindas,

Que olhas todas as manhãs,

Quer dar-te flores bem-vindas!

LISBOA

http://poesiadanatureza.blogspot.com

Maria da Fonseca
Enviado por Maria da Fonseca em 08/11/2015
Reeditado em 08/11/2015
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