MANHÃ
Jamais serei um pássaro
fruto da manhã, pois
não componho a melodia que esguia
o fogo que ascende os céus
ainda enegrecido pela noite que esvai
como arei de ampulheta
consome o vácuo de sua existência
em coexistir como os pássaros
livre ao ponto de se deixar guiar
por vento, rumo ou trajetória
em meio ao renascer
de toda pluma nublada
acalentada por igual frescor
como noite que deixa
pássaros e escritores
no silêncio sem fim
em que torna-os característico
com melodia cantada
cifrada
do porvir
que torna a reviver
todos àqueles que dedicam-se a escrita
e você compreende que não tem mais nada a dizer
sua petulância em coexistir finda-se no clarear do dia
com última oportunidade que teve
de escrever.