livro de cabeceira

quando te escrevo, sigo um traço,

um ímpeto, um sussurro dos deuses.

e assim não te quero

escrito em mim com um pedaço de giz,

nem quero ver teu nome feito a carvão

na ordinariedade de um chão.

tampouco aceito um risco à lápis

entregue à destruição da efemeridade,

mas não seria suficiente

que te escrevesses em minha carne

pra ficar que nem tatuagem,

pois eu também sou do tempo,

das oferendas e dos medos latentes.

perante superfícies rasas,

prefiro que te escrevas

em todos os meus ossos

com a seriedade de um ferro em brasa.