A jovem encantada
O arrebol abrilhantava as casas
E pousava naquela varanda, onde
as samambaias se declinam
em cascatas verdejantes
E as flores de junho esquecidas
Florescem em outros tempos
A moça na cadeira folheia o livro
Páginas antigas de um velho romance
Escrito por alma sensível e transparente
A moça lê encantada e atenta...
Vem o Passo Preto a chilrear seu amor
E o nobre pássaro nem mesmo é notado
Vem também o colibri a fazer festa
Em torno daquela rosa perfumada
E nada a tira da leitura tão silenciosa
Zéfiro canta sopranos e toca clarins
As mariposas pousam no alpendre
E ali se balançam ao vento
Era tarde bem tardezinha e o ocaso
Já ia esfriando os raios dourados
O momento declarava à noite
Ali, aos poucos, o lugar tornou-se vazio
A cadeira ainda balançava
E o céu se pintava de aquarelas
A escuridão banhava o horizonte
O livro exausto repousava nas mãos da donzela
Enquanto, ela pensava em Romeu, ah Romeu!