Da Chuva - III

Chuva, sonora irmã, molha a quietude

dessa árida manhã, onde choro calado!

lava a areia vã que, lava-la, não pude

desse olhar tão afã por um banho chorado!

Líquida irmâzinha, na orfandade rude

dessa alma sozinha, nesse dia molhado;

põe em cada gotinha de dor que me ilude

sua luz que é minha, quando está ao meu lado!

Voz da delicadeza, sua verdade soa

na quieta tristeza da dura ilusão;

e toda a dureza do ressequido chão

dilue, no meu ouvido, com a sua garoa,

um medo endurecido; e, então, escoa

um sorrir chovido; em delicada vazão.

05-11-2015

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 05/11/2015
Reeditado em 11/12/2015
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