Quando à luz no deserto

Na ilha das cidades/

A prioridade/

Não é você/

Você que trabalha/

Que constrói/

É mais uma vítima/

Uma peça de reposição/

De tantos maquinistas/

Teus filhos não tem escola/

Teus filhos não tem hospital/

E a segurança a todo tempo vai mal/

Quando não são os senhores/

São os donos do capital/

Que nos elevam a condição de escravidão/

O que mais entristece/

É o engodo de nos fazer crer/

Que nessa Democracia somos iguais/

A única apologia das entrelinhas é que temos direitos/

A justiça vê, mas permite a impunidade/

Não elegemos governo/

Somos comprados por eles/

E nesse corredor/

De negociantes, ignorantes e irresponsáveis/

Nasce o oportunista/

Que só favorece a sua classe/

Esquecendo que ele faz parte dessa massa humana sem face/

Quem tanto contribui para esse país/

Ser um corpo harmônico/

Onde todos possam ao menos não passar fome/

Não dormir ao relento/

Tão pouco ser vertiginosamente de alguma maneira lesado/

Ser digno de justiça/

Ter seus direitos respeitados/

Para ai sim ser um país valorizado/

Então não se culpe/

Procure evoluir/

Saindo de si/

Sem também copiar o oportunista/

Saia dessa lista/

Vamos buscar alternativas/

Pra que essa ilha seja uma cidade de homens/

Não de anarquistas/

Assim, só assim as flores terão uma chance no deserto/