AJISAI

Ganhei um ramo seco de Ajisai.

O plantei em solo fértil e sagrado

Zelei, adubei e reguei com afinco

O galho triste da plantinha recebida

Até ele se encher de eufóricos rebentos.

Disseram-me que Ajisai dá uma bela flor

De um tom azul forte e admirável,

Que suas pétalas têm a sutileza

Da vida singular e dos segredos do véu.

A nobre beleza de Ajisai

Vai muito além, pois está rara flor

Interliga os mundos arcanos

Dos vivos e dos mortos.

Falam que a Ajisai tem

O perfume de uma boa alma

E a sobriedade dos mortos.

Sua disparidade natural

Está no último suspiro dos vivos

E no despertar no além dos mortos.

É uma flor da lua de meio-termos.

Encherei meu jardim de Ajisai,

Assim quando morrer, eu serei o jardineiro

Das flores que levarei; meu azul Ajisai

Eterno entre os vivos e os mortos.