Minha vida...
Pobre dos olhos, quando o olhar não sente
e a mão não sabe o que comenta com a face
o desastre que nos traz o medo,
esse teu segredo mais bem guardado na alma.
Estou ciente de que a vida é a mais bela das artes,
e que o homem, capaz de tecer seu desastre, ainda assim, vive.
Viver é bom quando se faz sem a vaidade do Ego,
mas nutrindo-se com os pecados das ruas
entre as amantes avisadas dos prazeres da carne,
sob o que da alma, há, de mais belo e encantador,
como um beijo de amor, após ouvir-se o suspiro da amada.
Pobre da boca que fala de mim e do mundo,
porque, o que tem finitude não acaba no agora, mas se eterniza
entre um ardente sol e uma mansa brisa.
Sou o que o tempo me permitiu ouvir da vida
e sem caçar despedidas, ficou para sempre:
no livro escrito, no beijo ardente, na palavra dada.
Quando eu morrer, que minhas lágrimas sorriam
e saibam que da vida eu fui feliz como ninguém fora um dia,
porque amei demasiadamente tanto,
que ainda alimentando algum espanto,
não tive medo de ousar fantasiado de alegria
depois de ter chorado mares de saudades.