finados

Muitas pessoas, adormecidas segundo Quintana, fazem falta. Principalmente meus pais, que me seguram no colo ainda hoje... Tanto tempo idos...

PAI

Eu estava aqui enquanto partias,

Ainda estarei aqui quando fores.

Vi tua calma quando morrias, e

Vai-me morrendo pouco a pouco...

Um pouco a memória te desfaria

Como desfizeram de ti os ossos,

Mas estou aqui lembrando disso,

Provando a mim quanto não posso.

Mesmo que não me tenhas alento

Ainda te escuto quando me ligo

Às horas dormidas do pensamento:

Um tanto memorar cada momento,

A perguntar por mim se te olvido,

A fazer-me chorar quando te lembro

Mãe

A tua ausência presencia em mim

O que falta de vida por viver...

Como as raízes hereditárias

Da planta mãe o solo que acolheu.

Que mais posso querer da tua terra

A que me fez firmar sobre a minha

Os pés segurando um corpo frágil

Que possa prever o que não era,

A alegria nos tempos imemoriais

Da infância, mesmo não sendo

Eternos mas infinitamente irmãos.

Carinho, conquanto breve, temos

A paz de teu sermão, a benção

No sempre abraço que nos leve.

Sergiodonadio.blogspot.com

Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal

Clube de Autores, Amazon Kindle.

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 02/11/2015
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