IMPROFERÍVEL

Minhas palavras secaram

Minha boca murchou

Virou um rio de pedras

Saliva não há, é asco em pó.

Nada mais é proferível

Nesta boca marcescível

Indiscreta com dentes

Arrancados, lavrados

Desta terra do mal, maldita

De maldizer mesmo.

É feito as trevas das palavras

O tempo da mudez chega

Com o santo ofício do silêncio.

Sepulto o dizer em papel

Para nascer à sabedoria no ser.