Prescrições poéticas
As quatro estações de Vivaldi
para amolecimento dos ossos
e florescimento dos sentidos:
variações na pesquisa empírica
sobre o direito de imaginação.
Quanto baste de vinho rubro
para, ao toque da língua,
habitar a umidade da terra
e o odor das frutas maduras,
seguido longe por notas madeirais...
[Um tronco de árvore
entrelaçado por uvas trepadeiras].
Manoel de Barros ao chão,
no gozo da luxúria sem luxo...
viço de palavras inventadas,
sem derivações:
Gramática expositiva do chão.
Um bocado de chocolate
para a cumplicidade do silêncio,
na Tabacaria de Álvaro de Campos.
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo
senão chocolates.
Reconhecer a metafísica
é o primeiro movimento da desconstrução.
Cheiro de café esparramado na casa,
para deslocamento de todas as hierarquias...
O outro do mundo: literatura desmedida.
Um domingo com janelas
para a eternidade...
A morte, em finados....
uma manhã chuvosa para renascer.