O Sem Motivo Do Castigo
O que digo
é que não há castigo maior que a vida.
O espirito se rebelando sem viço.
O dia quedando sem espaço para um amigo
ou para um sonho
que seria maior que o próprio corpo,
e desenhado com a mão mesma
dessas tolices que não vingam.
É injustiça aos inocentes
que, ao contrário de mim,
vivem contentes um outro mundo que não vejo.
Que não vivo. Nem tento.
Cadê os abraços íntimos
quando se está sujo de cascalhos,
grama e vinho?
E quando jogado na rua, perfurado e sanguíneo?
Mas nunca houve abraço me tocando tecido ou carne,
e ainda assim
sigo sem motivo.