Quando o Show terminou

Na infância da dor/

Dos morros as favelas/

Crianças eram crianças/

Brincavam cheias de esperanças/

Sem nunca serem desobedientes ou vulgar/

Se havia pão/

Se havia brinquedos/

Não importava/

Tudo era arte de um coração popular/

Jamais faziam idéia da miséria/

Porque nas poucas televisões/

Nas rádios dos quarteirões/

Já se ouvia a alegria pairar no ar/

Carequinha e Arrelia/

Foram tantas tardes a iluminar/

Que os palhaços/

Nossos super heróis/

Feitos mágicos contagiavam qualquer lugar/

Se o rosto coloria/

Se a vida pessoal era vazia/

Adultos ou Crianças do Brasil/

Ao ouvi-los falar ou cantar/

Transformavam-se/

Inocentes/

Queriam ser gente/

Queriam sair do palco da vida/

Para um show na avenida/

Como Peter Pan enfrentando os seus piratas/

E assim dizer muitas vezes/

Respeitável público/

Como na última vez desses palhaços/

Que também nos deixaram órfão/

Nessa brigada/

Hoje conhecida como louca/

Chamada Democracia/

Sem Carequinha ou Arrelia/

Sem escolas/

Sem lazer/

Não sei o que é pior/

Ver que o tempo passou/

Ou olhar ao redor/

E não ver mais crianças/