Além do Tempo
Ninguém liga pra nada/
É só seguir na estrada/
Com os olhos cegos de ver/
Calçadas quebradas/
Lixo amontoado/
Na beira do rio/
Nas ruas no meio fio/
Ninguém liga pra nada/
É só seguir na estrada/
Com os olhos cegos de ver/
Os governantes usarem o imposto que retém/
Como bem querer/
Não temos escolas/
Não temos hospitais/
E os policiais/
Nem a si protegem/
Ninguém liga pra nada/
É só seguir na estrada/
Com os olhos cegos de ver/
Ao musicar a nossa cultura/
Das letras grotescas/
Aos livros que saem mais/
São de autoajuda/
De sexo e testemunho de ex imorais e nada mais/
Se censurar, se reclamar/
É ditadura/
Ninguém liga pra nada/
É só seguir na estrada/
Com os olhos cegos de ver/
Vivo com o meu companheiro/
Não sou forasteiro/
Se me discriminarem lanço um processo/
E não admito a religião questionar/
O fato é que dentro desse recesso/
O caos é excesso/
Que a ordem não tem como questionar/
Já nem sei dizer/
Se esse momento é um choque/
Pra tudo mudar/
Pois há mais de vinte anos/
Que tantos se entregam a luta/
Mas a bem da verdade/
Tudo permanece como estar/
Nesse retrocesso/
O que se vê bastante é o povo/
Miserável ainda mendigar/