FUGA
Não veja, veja, não veja.
Nada de alienação.
Teleguiado não seja,
fuja da conspiração,
pois o sistema deseja
sua eterna escravidão.
A inércia do poder
buscando se eternizar
amordaça, algema e venda
faz tudo pra perdurar.
Faz cegos, surdos e mudos,
mata quem não concordar.
É a lei do absurdo,
do poder absoluto,
poesia, canto, viola,
viola todo o estatuto.
Luto, mas ninguém me escuta
sempre vence a força bruta.
Teleguiado não seja.
Nada de alienação.
Não veja, veja, não veja,
fuja da conspiração,
pois o sistema deseja
sua eterna escravidão.
Onde o sim deve ser dito
ai de quem disser o não.
Todo mundo vive aflito
faz -se mais forte o perdão.
Onde perdura o pecado
perde o sentido a razão.
A mão que afina a cantiga
sempre aflita, amarga, amiga,
vai segurando uma figa,
reza, prece bizantina,
a fé causando cegueira
nublando toda a retina.
Não veja, veja, não veja.
Fuja da conspiração.
Teleguiado não seja.
Nada de alienação,
pois o sistema deseja
sua eterna escravidão.
Não há nenhum teorema,
nem segredo, nem mistério.
Tudo gira em um complô,
vão construindo um império,
girando a roleta russa
como tudo fosse sério.
Com interesses escusos,
longe de olhares atentos
vão cometendo abusos,
e não vão a passos lentos.
Os milagres são absurdos
e os santos são peçonhentos.
Fuja da conspiração,
teleguiado não seja.
Não veja, veja, não veja.
Nada de alienação,
pois o sistema deseja
sua eterna escravidão.
Saulo Campos – Itabira MG