Amaldiçoado
Eu fui um dia terrível.
Eu havia me tornado um dia terrível.
Eu vivi um dia terrível.
Eu fui amaldiçoado.
A tarde era comum até que a moto buzinou,
Eu tive medo,
Receio,
Desejo.
Eu era uma criança.
Eu não era qualquer criança,
Eu era uma criança machucada;
O que me tornou ainda mais vulnerável.
Eu ainda não era amaldiçoado.
Grave era a voz e áspero era o toque,
como espinhos prontos a furar, mas espinhos vazio, sem rosas.
Apenas espinhos feitos para ferir.
Eu era ingenuo.
A dor não era fascinante,
E o prazer nunca chegou.
Eu fui amaldiçoado a conviver com essa dor
Que estava sempre para me lembrar.
Pergunto ao Cosmos se foi castigo por ser brutal comigo mesmo,
ou o que foi.
Eu fui amaldiçoado, mas a maldição se foi.
A maldição está partindo para nunca mais voltar.
Meus olhos nunca mais irão ver o rosto ou meu corpo lembrar da aspereza dos espinhos.
Eu estou sendo liberto da maldição.
As correntes e espinhos estão dissolvendo-se no ar,
Graças ao amor que tanto procurei
E hoje eu encontrei.
Que os anjos digam assim se faça, assim se fez.
Eu sofri.
Eu chorei.
Eu sangrei.
Eu achei que merecia.
Eu implorei que o sofrimento acabasse.
Eu supliquei piedade aos céus.
Eu não sangro mais.
Eu não sofro mais. (não por isso)
Eu agradeço aos céus.
Eu sei que não merecia,
O sofrimento acabou.
Eu fui um dia terrível.
Eu sou um dia ensolarado.
Eu vivi um dia terrível.
Eu vivo dias esplendidos.
Eu fui um criança machucada.
Eu tenho em mim uma criança que voa como águia nos céus e tem a força de todo filho de Ogum.
Eu fui amaldiçoado.
Eu sou abençoado, pois a maldição se foi para as entranhas da Terra e lá ficará todo o sempre para nunca mais voltar a me atormentar.
Eu sou abençoado e tenho os anjos ao meu redor.
Eu sou filho do guerreiro que não perde nenhuma batalha.
Eu sou filho de Ogum.